Das diversas cachaçarias que eu e a Keila Ceramitaro (AdC) conhecemos, sem dúvida o to e conhecimento do sommelier Leandro Batista.
Agora, fazer uma degustação no Mocotó com o Leandro, eu recomendo a qualquer leitor.
Faço aqui uma breve analogia para que o leitor menos experiente na degustação de cachaça possa entender o que quero dizer; quando temos problema no carro e procuramos uma oficina, esperamos encontrar um mecânico que entenda de veículos, o que muitas vezes não acontece e saímos frustrados, onerado de alguma forma. Assim são muitas cachaçarias, pessoas despreparadas não sabem sugerir uma cachaça nem como acompanhamento. Já no Mocotó isso não acontece, o Leandro, acompanha e ensina seu pessoal, mantendo um atendimento de excelência quando o assunto é cachaça. Para aqueles que pretendem desfrutar de mais um prazer da vida, ele conduz pequenas degustações no estabelecimento. Sempre com muita clareza, explica as diferenças entre uma e outra cachaça, tornando a presença no bar agradável e educativa.
Já ficou claro que o Mocotó é um ótimo lugar para cachaciers, ou para iniciantes, então vamos ao que interessa, o desenrolar da degustação feito por nós.
Tenho que deixar claro, que numa visita só ao Mocotó, acredito não ser possível desfrutar de todos estas delícias, fizemos por que o menu era de degustação, isto quer dizer, porções menos generosas, depois de ler, não deixe de postar um comentário sobre a fome que deu… vamos lá.
Aperitivo e Entrada
Iniciamos com as cachaças brancas, entre um e outro trago, um cajuzinho para amarrar a boca, torresmo bem crocante e um dadinho de tapioca com queijo-de-coalho. As cachaças , todas brancas, todas em temperatura ambiente, foram:
- Cachaça Jacuba Prata
- Cachaça Dom Braga Prata
- Cachaça Reserva do Gerente Prata
As cachaças brancas carregam apenas o aroma da cana e a percepção etilica. As mais novas são picantes, as mais velhas são cheias de sabor, doces. Ótimas com aperitivo e entradas, ficam ainda melhores se estiverem resfriadas.
Primeiro prato
Depois desta bateria, percebi que a noite seria longa, mas estava gostoso, música agradável, companhia agradável, então que venha outras canas.
Passamos para o primeiro prato, experimentamos o tradicional Mocofava do restaurante, um prato carregado de sabores, exigia cachaças mais aromáticas:
- Cachaça Vale Verde – carvalho
- Cachaça João Mendes Tradicional – carvalho
- Cachaça Serra Limpa – jequitibá
- Cachaça Gota Serena – bálsamo
- Cachaça Minha Deusa – grápia
Prato principal
Seguimos com porção de carne-de-sol assada, junto, havia uma cabeça de alho inteira e pimenta biquinho, acompanhando, feijão-de-corda. Muito tempero e sabor.
Ufah! Quanta comida?? Me traz uma cervejinha para acompanhar, mas que seja uma Colorado Rapadura para não sair dos padrões.
Este tipo de comida exigia algo marcante, muito aroma, envelhecimento, tínhamos que pegar pesado. Apesar de beber cachaças a anos, sempre me surpreendo com a capacidade humana de distinguir sabores e odores, junto do bate-papo do Leandro e da Keila, podíamos decifra-los com muito mais facilidade. Seguimos com:
- Cachaça Terra Dourada Ouro – carvalho
- Cachaça Weber Haus Amburana – amburana
- Cachaça Anísio Santiago – bálsamo
- Cachaça Germana Heritage – carvalho e bálsamo
Sobremesa
Depois de uma empolgante degustação (ou seria harmonização?), chegou a hora da sobremesa, fecharíamos com uma porção de queijo-de-coalho com Melado, sorvete da rapadura com calda de catuaba, quando para minha surpresa tivemos uma banana com queijo sobre uma farofa de biscoito.
Não, sem digestivo por favor, não conseguiríamos degustar mais nada aquela altura.
Chegamos ao fim, mas e os “finzinho do copo”, como ficaram?
Finzinho do copo
“Finzinho do copo”? Isso mesmo, vou explicar. Sempre que estou degustando uma cachaça, gosto de sentir o aroma, o sabor dela pura, depois tento combinar com prato que acompanha, mas deixo sempre um “finzinho no copo” para tomar depois de um tempo.
Acredito muito na ação do ambiente sobre a cachaça, depois de algum tempo sobre a mesa, já servida no copo, muitas cachaças ficam piores, outras melhores, experimente fazer isso e descubra outros sabores no “finzinho do copo”.
Bom, nossa noite chegava ao fim, eu teria que ir embora, mas iria satisfeito e com duas certezas, a de que ainda não encontrei a minha cachaça perfeita e teria de continuar minha busca e de que no Mocotó alem de encontrar uma boa comida, encontro amigos e um ótimo atendimento.
Saúde!
Parabéns ao Alex e aos Amigos da Cachaça, realmente o Mocotó é um restaurante que esta entre os melhores de São Paulo, pela excelente comida e ótimo atendimento, além do preço acessível e muito justo.
Concordo plenamente com a analogia do Alex, o Leandro e sua equipe levam, além de excelentes opções de pratos, “porções” generosas de informação e de atenção ao público.
Aos amantes da boa cachaça, vale lembrar, que o Mocotó tem também o Clube da Cachaça, onde o Sócio pode aquirir sua caninha preferida, deixando sua garrafa exclusiva, para apreciar com os outros pratos pois, como o Alex citou, é muito difícil desfrutar de todos em único dia.
Abraços a Todos os Amigos da Cachaça.
Boas festas.
Muito interessante essa análise do Finalzinho do copo. Para degustar vinho, este necessita “respirar” por 20 a 30 minutos após aberta a garrafa, para saborear um sabor melhor!!! Parece que o mesmo acontece com a cachaça!!!
O Mocotó é com certeza o primeiro lugar que levamos qualquer amigo que venha a São Paulo. O Leandro realmente é uma figura muito cativante! Nosso projeto, o Mapa da Cachaca , tomou corpo depois de uma visita despretenciosa ao Mocotó e depois de sabe-se lá quantas cachaças provadas por nós nesse esquema dele de “olha essa aqui. e essa.. e mais essa”. Leandro virou um grande amigo e essa amizade resultou numa parceria que nos traz grande orgulho que é o programa dele em nosso site no qual ele degusta cachaças e dá dicas aos amantes da nossa bebida. É muito legal ver como o trabalho dele e o de vcs também em divulgar a nossa bebida tem um significado tão importante pra nossa cultura. Parabéns amigos da cachaça! E precisamos marcar um almoço qualquer dia desses lá no Mocotó, hein! Abs